quinta-feira, 24 de junho de 2010

Convite - Conversa em torno de "Palavras Doces.Terminologia e tecnologia históricas e actuais da cultura açucareira [...]", de Naidea Nunes (30-06-10)


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[Resumo da obra aqui;
currículo de Naidea Nunes aqui]

Resumo de "Palavras Doces. Terminologia e tecnologia históricas e actuais da cultura açucareira: do Mediterrâneo ao Atlântico", de Naidea Nunes

A apresentação do livro Palavras Doces. Terminologia e tecnologia históricas e actuais da cultura açucareira: do Mediterrâneo ao Atlântico tem como objectivo principal dar a conhecer a terminologia da cultura açucareira madeirense, identificando os termos e as técnicas recebidas do Mediterrâneo e os que foram desenvolvidos na ilha da Madeira e transplantados para as ilhas atlânticas e para o continente americano.
Partimos do estudo da documentação histórica sobre a produção açucareira do Mediterrâneo (Sicília, Valência e Granada) e do Atlântico (Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde, S. Tomé e Brasil) para chegar à terminologia actual da cultura açucareira da ilha da Madeira e de Cabo Verde (ilhas de Santiago e de Santo Antão), através da realização de inquéritos linguístico-etnográficos sobre a produção açucareira nos dois arquipélagos, entrevistando os cultivadores de cana-de-açúcar e os trabalhadores dos engenhos e dos trapiches e reunindo todos os termos recolhidos (terminologia histórica e actual do açúcar de cana) num glossário principal de termos específicos da produção açucareira e em glossários secundários de formas mediterrânicas, de doces e de termos gerais ou comuns a outras actividades.
O estudo linguístico-etnográfico da terminologia e tecnologia históricas e actuais do açúcar de cana do Mediterrâneo ao Atlântico evidencia o papel central da ilha da Madeira na rota do açúcar, nomeadamente no desenvolvimento e difusão dos termos e das técnicas açucareiras no Atlântico, como por exemplo o açúcar de panela e a rapadura.
Depois, a cultura açucareira desenvolveu-se de tal modo na América, onde são incorporados novos termos indígenas e africanos à terminologia do açúcar de cana, como por exemplo o termo garapa, que começou a sentir-se americana, esquecendo-se que foi transplantada da Madeira e considerando-se erradamente muitos termos portugueses como americanismos ou brasileirismos, quando são unidades terminológicas desenvolvidas na ilha da Madeira, ou seja, madeirismos.
Em Cabo Verde encontrámos uma grande vitalidade da terminologia histórica do açúcar de cana madeirense (que desapareceu da ilha da Madeira com a evolução tecnológica), devido ao facto de ainda se conservar a tecnologia primitiva da produção açucareira, designadamente o trapiche, a tacha de cozer o mel e o mestre de açúcar, contribuindo para a reconstituição histórica dos termos e das técnicas tradicionais da cultura açucareira madeirense.
Concluímos que das Indias orientais a cana-de-açúcar e a sua cultura chegaram às Indias ocidentais, passando por muitas regiões que contribuíram para o enriquecimento e desenvolvimento da sua terminologia e tecnologia, entre elas a ilha da Madeira teve um papel central, sendo a ponte entre dois mundos açucareiros: o Mediterrâneo e o Atlântico, recebendo, desenvolvendo e difundindo os termos e as técnicas açucareiras nas ilhas atlânticas e na América, principalmente no Brasil, onde ainda hoje encontramos muitos termos e técnicas da primitiva produção açucareira madeirense, nas regiões mais pobres e isoladas do Nordeste Brasileiro e em Minas Gerais.
O açúcar de cana foi um dos primeiros produtos comerciais a estabelecer um diálogo entre línguas, culturas e continentes. O termo trapiche, ainda hoje presente nos três continentes, tal como o termo garapa, é um bom exemplo do diálogo existente entre os dois lados do Atlântico e do encontro entre a Europa, a África e a América.

Currículo - Naidea Nunes

Professora Auxiliar no Centro de Competência de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, é Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – Variante Português e Francês, Mestre em Linguística Portuguesa, Doutorada em Linguística Românica e Pós-Doutorada em Ciências da Linguagem e Linguística Aplicada.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Convite - Conferência "Políticas de Educação e Cultura da União Europeia: um olhar insular", por Ana Maria Kauppila (23-06-2010)


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[
Resumo da conferência aqui; currículo de Ana Maria Kauppila aqui]

Resumo da Conferência "Políticas de Educação e Cultura da União Europeia: um olhar insular", por Ana Maria Kauppila

Esta Conferência situa – de um ponto de vista insular – o quadro supranacional, no âmbito da epistema desta primeira década do séc. XXI. Pretende, no entanto, numa perspectiva diacrónica, proceder a referências importantes no percurso de relevância das questões insulares, em termos transinstitucionais. Do “Tratado de Roma”, ao de “Lisboa”, passando pela “Agenda 2020” e pelas “Conclusões do Grupo de Reflexão acerca do futuro da União”, a UE tem assistido ao fracasso das utopias políticas [Maio de 68, por exemplo], à disfonia entre discursos e práticas políticas, o que exige novos critérios de governança, propícios a uma nova legitimidade do exercício cidadão, democrático. Num contexto marcadamente económico, falar de Cultura e de Educação pode parecer quase paradoxal. No entanto, num mundo multipolar, em crise, ainda sem precisão ideológica, onde se instalam novas e complexas semânticas, as questões académicas que se colocam são múltiplas e, é preciso dizer, também, interessantes. Numa altura em que os cidadãos são interpelados a uma emissão informada de opinião acerca de uma multiplicidade de assuntos que implicam literacias políticas, económicas, ambientais, cívicas, tecnológicas, de onde olhamos nós, o Mundo? A Instituição supranacional parece ignorar dimensões como a preservação das identidades, ethos e idiossincrasias, num processo de “formatação” dos cidadãos [quase 500 milhões] segundo o modelo imposto. Dos espaços insulares – privilegiados locus da diferença, a imposição de modelos “estranhos”, a preocupação de “estar à altura de” parece colocar em causa uma lógica de valorização identitária, de criação de estratégias de diferenciação e, assim, de desenvolvimento sustentável, neste caso, pela Cultura e pela Educação.

Currículo - Ana Maria Kauppila

Ana Maria Kauppila nasceu no Funchal, em 1963. É Licenciada em Ensino – Línguas e Literaturas Modernas [Variante de Estudos Franceses e Ingleses], pela Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa e, actualmente, Doutoranda, na Universidade de Aveiro, onde, em breve, defenderá a Tese: “Políticas públicas de Cultura e Educação, da União Europeia”. Exerceu funções docentes no Ensino Secundário e na Universidade da Madeira. Durante cinco anos, na Direcção Regional de Educação, coordenou Projectos, no domínio das Línguas estrangeiras e ingressou [como Docente destacada], em Janeiro de 2010, no Centro de Estudos de História do Atlântico, Instituição, presentemente, sob a tutela da Secretaria Regional de Educação e Cultura. No âmbito das funções exercidas no CEHA, tem realizado trabalho nas áreas de Dinamização e Programação cultural, de Formação e de Investigação, no domínio da Ciência das Ilhas e das dinâmicas insulares, no quadro das instituições transnacionais.

Assinatura de Protocolo / Momento Musical

No próximo dia 23.06.2010, quarta-feira, pelas 17:30, terá lugar, no Auditório do CEHA (Rua das Mercês, n.º 8), a Assinatura de Protocolo de Cooperação entre o Centro de Estudos de História do Atlântico e o Conservatório Escola das Artes Engº Peter Clode, da Madeira. De seguida, às 17:40, haverá um Momento musical, levado a cabo por José Higino de Andrade, aluno de guitarra do Professor Pedro Zamora.

Repertório a executar:
S. L. Weiss – Fantasie
Joaquin Rodrigo - Los Trigales
A. Barrios Mangoré - "La Catedral"
Preludio Saudade
Andante Religioso
Allegro solemne
Roland Dyens - Tango en Skai

sexta-feira, 11 de junho de 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Conversas em torno de "O Exercício do Poder Municipal na Madeira e Porto Santo na Época Pombalina e Post-Pombalina", de Ana Madalena Trigo (09-06-10)


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Resumo do livro aqui; currículo de Ana Madalena Trigo de Sousa aqui]

Resumo de "O Exercício do Poder Municipal na Madeira e Porto Santo na Época Pombalina e Post-Pombalina", de Ana Madalena Trigo de Sousa

A obra O Exercício do Poder Municipal na Madeira e Porto Santo na Época Pombalina e Post-Pombalina, editada pelo CEHA em 2004, teve por finalidade empreender o estudo da instituição municipal madeirense na segunda metade do século XVIII. O livro encontra-se dividido em duas partes. Na primeira, foi estabelecido o quadro político e institucional do arquipélago da Madeira, ou seja, as três principais estruturas de poder, consubstanciadas nos donatários, nos governadores e capitães-generais e nos concelhos. A segunda parte abrange uma vasta análise do exercício do poder municipal na cidade do Funchal e nas restantes vilas, de uma forma comparada. Assim, estabelecido o sistema eleitoral municipal e identificada a elite que governava os municípios, deu-se o devido enfoque ao exercício do poder municipal em si, isto é, o poder judicial, a organização da vida económica e o ordenamento espacial da comunidade, a organização e promoção das festividades concelhias, a gestão financeira municipal e, por último, o relacionamento entre os municípios e os representantes do poder central.

Currículo - Ana Madalena Trigo de Sousa

Ana Madalena Trigo de Sousa nasceu em Lisboa em 1969. É licenciada em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa [1992]. Possui o grau de Mestre em História em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa (Séculos XV-XVIII) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa [1997].
Foi Bolseira da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses [1994-1995]. Em Agosto de 1995, ingressou como Estagiária de Investigação do Centro de Estudos de História do Atlântico, instituição presentemente sob a tutela da Secretaria Regional de Educação e Cultura. Em 2004 obteve aprovação por unanimidade, com distinção e louvor, nas provas públicas de acesso à categoria de Investigador Auxiliar, da Carreira de Investigação Cientifica, do CEHA, com a dissertação O Exercício do Poder Municipal na Madeira e Porto Santo na Época Pombalina e Post-Pombalina. No âmbito das funções exercidas no CEHA, tem realizado trabalho de investigação no domínio da história da instituição municipal na Madeira.