A apresentação do livro Palavras Doces. Terminologia e tecnologia históricas e actuais da cultura açucareira: do Mediterrâneo ao Atlântico tem como objectivo principal dar a conhecer a terminologia da cultura açucareira madeirense, identificando os termos e as técnicas recebidas do Mediterrâneo e os que foram desenvolvidos na ilha da Madeira e transplantados para as ilhas atlânticas e para o continente americano.
Partimos do estudo da documentação histórica sobre a produção açucareira do Mediterrâneo (Sicília, Valência e Granada) e do Atlântico (Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde, S. Tomé e Brasil) para chegar à terminologia actual da cultura açucareira da ilha da Madeira e de Cabo Verde (ilhas de Santiago e de Santo Antão), através da realização de inquéritos linguístico-etnográficos sobre a produção açucareira nos dois arquipélagos, entrevistando os cultivadores de cana-de-açúcar e os trabalhadores dos engenhos e dos trapiches e reunindo todos os termos recolhidos (terminologia histórica e actual do açúcar de cana) num glossário principal de termos específicos da produção açucareira e em glossários secundários de formas mediterrânicas, de doces e de termos gerais ou comuns a outras actividades.
O estudo linguístico-etnográfico da terminologia e tecnologia históricas e actuais do açúcar de cana do Mediterrâneo ao Atlântico evidencia o papel central da ilha da Madeira na rota do açúcar, nomeadamente no desenvolvimento e difusão dos termos e das técnicas açucareiras no Atlântico, como por exemplo o açúcar de panela e a rapadura.
Depois, a cultura açucareira desenvolveu-se de tal modo na América, onde são incorporados novos termos indígenas e africanos à terminologia do açúcar de cana, como por exemplo o termo garapa, que começou a sentir-se americana, esquecendo-se que foi transplantada da Madeira e considerando-se erradamente muitos termos portugueses como americanismos ou brasileirismos, quando são unidades terminológicas desenvolvidas na ilha da Madeira, ou seja, madeirismos.
Em Cabo Verde encontrámos uma grande vitalidade da terminologia histórica do açúcar de cana madeirense (que desapareceu da ilha da Madeira com a evolução tecnológica), devido ao facto de ainda se conservar a tecnologia primitiva da produção açucareira, designadamente o trapiche, a tacha de cozer o mel e o mestre de açúcar, contribuindo para a reconstituição histórica dos termos e das técnicas tradicionais da cultura açucareira madeirense.
Concluímos que das Indias orientais a cana-de-açúcar e a sua cultura chegaram às Indias ocidentais, passando por muitas regiões que contribuíram para o enriquecimento e desenvolvimento da sua terminologia e tecnologia, entre elas a ilha da Madeira teve um papel central, sendo a ponte entre dois mundos açucareiros: o Mediterrâneo e o Atlântico, recebendo, desenvolvendo e difundindo os termos e as técnicas açucareiras nas ilhas atlânticas e na América, principalmente no Brasil, onde ainda hoje encontramos muitos termos e técnicas da primitiva produção açucareira madeirense, nas regiões mais pobres e isoladas do Nordeste Brasileiro e em Minas Gerais.
O açúcar de cana foi um dos primeiros produtos comerciais a estabelecer um diálogo entre línguas, culturas e continentes. O termo trapiche, ainda hoje presente nos três continentes, tal como o termo garapa, é um bom exemplo do diálogo existente entre os dois lados do Atlântico e do encontro entre a Europa, a África e a América.
Partimos do estudo da documentação histórica sobre a produção açucareira do Mediterrâneo (Sicília, Valência e Granada) e do Atlântico (Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde, S. Tomé e Brasil) para chegar à terminologia actual da cultura açucareira da ilha da Madeira e de Cabo Verde (ilhas de Santiago e de Santo Antão), através da realização de inquéritos linguístico-etnográficos sobre a produção açucareira nos dois arquipélagos, entrevistando os cultivadores de cana-de-açúcar e os trabalhadores dos engenhos e dos trapiches e reunindo todos os termos recolhidos (terminologia histórica e actual do açúcar de cana) num glossário principal de termos específicos da produção açucareira e em glossários secundários de formas mediterrânicas, de doces e de termos gerais ou comuns a outras actividades.
O estudo linguístico-etnográfico da terminologia e tecnologia históricas e actuais do açúcar de cana do Mediterrâneo ao Atlântico evidencia o papel central da ilha da Madeira na rota do açúcar, nomeadamente no desenvolvimento e difusão dos termos e das técnicas açucareiras no Atlântico, como por exemplo o açúcar de panela e a rapadura.
Depois, a cultura açucareira desenvolveu-se de tal modo na América, onde são incorporados novos termos indígenas e africanos à terminologia do açúcar de cana, como por exemplo o termo garapa, que começou a sentir-se americana, esquecendo-se que foi transplantada da Madeira e considerando-se erradamente muitos termos portugueses como americanismos ou brasileirismos, quando são unidades terminológicas desenvolvidas na ilha da Madeira, ou seja, madeirismos.
Em Cabo Verde encontrámos uma grande vitalidade da terminologia histórica do açúcar de cana madeirense (que desapareceu da ilha da Madeira com a evolução tecnológica), devido ao facto de ainda se conservar a tecnologia primitiva da produção açucareira, designadamente o trapiche, a tacha de cozer o mel e o mestre de açúcar, contribuindo para a reconstituição histórica dos termos e das técnicas tradicionais da cultura açucareira madeirense.
Concluímos que das Indias orientais a cana-de-açúcar e a sua cultura chegaram às Indias ocidentais, passando por muitas regiões que contribuíram para o enriquecimento e desenvolvimento da sua terminologia e tecnologia, entre elas a ilha da Madeira teve um papel central, sendo a ponte entre dois mundos açucareiros: o Mediterrâneo e o Atlântico, recebendo, desenvolvendo e difundindo os termos e as técnicas açucareiras nas ilhas atlânticas e na América, principalmente no Brasil, onde ainda hoje encontramos muitos termos e técnicas da primitiva produção açucareira madeirense, nas regiões mais pobres e isoladas do Nordeste Brasileiro e em Minas Gerais.
O açúcar de cana foi um dos primeiros produtos comerciais a estabelecer um diálogo entre línguas, culturas e continentes. O termo trapiche, ainda hoje presente nos três continentes, tal como o termo garapa, é um bom exemplo do diálogo existente entre os dois lados do Atlântico e do encontro entre a Europa, a África e a América.
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