Resumo
Na actual sociologia da ilha, verifica-se que as relações comerciais, as redes migratórias, os fluxos turísticos, a mobilidade profissional, as trocas culturais, os casamentos mistos e as pontes aéreas favorecem o aparecimento de formas de polarização e de integração da Região Autónoma da Madeira na União Europeia evidentes no quotidiano.
Neste contexto, não admira que o discurso sobre a Europa, produzido actualmente por dirigentes políticos e empresários madeirenses, defenda a matriz europeia da cultura insular, o reforço da recente Autonomia política e a implementação de infra-estruturas de toda a ordem. A pertença da Madeira à União Europeia e, mais precisamente, às Regiões Ultraperiféricas (RUP) apresenta não só garantias em termos de desenvolvimento, como lhe permite ainda reduzir a relação de dependência ao poder central de Lisboa.
Assim sendo, tendo em conta os antigos alicerces de uma identidade comum com a Europa e o facto de a Madeira não ter sido o palco de confrontos identitários como sucedeu ou sucede noutras ilhas, o objectivo desta comunicação consistirá em relevar uma ideia de Europa na região insular, por esta constituir indubitavelmente o modelo socioeconómico de referência para a sociedade madeirense nestas últimas décadas. Neste sentido, proponho-me abordar a percepção que os intelectuais da Ilha têm da Europa, através dos percursos que por lá fizeram e dos seus escritos, dando voz, por um lado, à ideia de pertença ao Velho Continente e, por outro, à ideia de comunidade de destino dos povos europeus. Procurarei então centrar-me sobre duas questões fundamentais: que imagens (ideias, valores e estereótipos) da Europa constroem esses escritores? Que Europa idealizam?
Neste contexto, não admira que o discurso sobre a Europa, produzido actualmente por dirigentes políticos e empresários madeirenses, defenda a matriz europeia da cultura insular, o reforço da recente Autonomia política e a implementação de infra-estruturas de toda a ordem. A pertença da Madeira à União Europeia e, mais precisamente, às Regiões Ultraperiféricas (RUP) apresenta não só garantias em termos de desenvolvimento, como lhe permite ainda reduzir a relação de dependência ao poder central de Lisboa.
Assim sendo, tendo em conta os antigos alicerces de uma identidade comum com a Europa e o facto de a Madeira não ter sido o palco de confrontos identitários como sucedeu ou sucede noutras ilhas, o objectivo desta comunicação consistirá em relevar uma ideia de Europa na região insular, por esta constituir indubitavelmente o modelo socioeconómico de referência para a sociedade madeirense nestas últimas décadas. Neste sentido, proponho-me abordar a percepção que os intelectuais da Ilha têm da Europa, através dos percursos que por lá fizeram e dos seus escritos, dando voz, por um lado, à ideia de pertença ao Velho Continente e, por outro, à ideia de comunidade de destino dos povos europeus. Procurarei então centrar-me sobre duas questões fundamentais: que imagens (ideias, valores e estereótipos) da Europa constroem esses escritores? Que Europa idealizam?
Nota bio-bibliográfica
Thierry Proença dos SANTOS é Professor Auxiliar da Universidade da Madeira, desde 2007. Participou nos seguintes projectos editoriais: Funchal (d)Escrito – Ensaios sobre representações literárias da Cidade, monografia em co-autoria com Ana Isabel Moniz, Ana Margarida Falcão e Leonor Martins Coelho, 2011; Crónica Madeirense (1900-2006), antologia elaborada conjuntamente com Fernando Figueiredo e Leonor Martins Coelho, 2007; e depois? sobre cultura na Madeira, actas do ciclo de conversas com posfácio dos organizadores, em co-autoria com Ana Isabel Moniz e Diana Pimentel, 2005. Coordenou o álbum Leituras e Afectos: uma Homenagem à Maria Aurora Carvalho Homem, 2010, e o número especial da revista Margem 2, n.º 25, Dezembro 2008, dedicado ao tema “Viver (n)o Funchal”. Preparou a edição do romance Canga de Horácio Bento de Gouveia (com introdução e estabelecimento do texto), 2008. Publicou a monografia Comeres e Beberes Madeirenses em Horácio Bento de Gouveia, 2005. Participa regularmente em congressos e não descura a intervenção cultural (apresentação de livros, participação em júris de concursos literários, colaboração com a comunicação social e com as escolas). De Novembro de 2009 a Maio de 2010 colaborou, na qualidade de convidado residente, no programa televisivo da RTP-Madeira “Cá Nada” de Maria Aurora Carvalho Homem, sobre usos linguísticos madeirenses com parte ficcionada e debate.
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